Andreia Yamaoka: A Chef Pâtissier que encontrou nos doces a força para empreender no Japão

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Com apenas 15 anos de idade, Andreia Yamaoka chegou ao Japão em 1992. Na bagagem, além da esperança de ajudar seus pais, trazia também um amor discreto, mas muito verdadeiro pela cozinha. “Na minha infância e adolescência, eu já gostava de estar na cozinha, observando minhas tias preparando doces e salgados”, relembra Andreia, que se emocionava ao ver como simples receitas podiam criar momentos especiais em família.


O primeiro doce que aprendeu a fazer, ainda criança, foi um quindão, que rapidamente se tornou tradição nos encontros de fim de semana na chácara da família. No entanto, foi apenas aos 30 anos, ao tentar preparar um bolo de fubá cremoso — e falhar na primeira tentativa — que ela descobriu sua verdadeira paixão pela confeitaria. “Ficou com a consistência dura, mas daí em diante, fui tentando mais e mais até que consegui. Desde então, comecei a fazer cursos, estudar, me aperfeiçoar e criar até hoje”, conta.

Motivada pelo desejo de transmitir felicidade através dos seus doces, Andreia decidiu empreender no Japão, um país onde a burocracia é um dos muitos obstáculos. “Além de ser muito burocrático, os próprios brasileiros que vivem aqui não são unidos, não se ajudam”, lamenta. Para ela, o maior desafio não é apenas lidar com as exigências legais, mas também enfrentar a falta de apoio e, por vezes, a concorrência desleal dentro da própria comunidade.


Ao comentar sobre o mercado japonês e a visão sobre o empreendedorismo feminino, Andreia é enfática: “O Japão é um país em que a mulher não tem voz. A desigualdade de gênero é muito forte aqui e isso vem de gerações antigas”. Ela aponta que ainda são raras as mulheres empresárias no país e que a resistência social é algo perceptível desde a sua chegada, mais de três décadas atrás.


A diferença entre empreender no Brasil e no Japão também é evidente para a Chef Pâtissier. “No Brasil tem muitas mulheres empreendedoras e líderes. Aqui no Japão, mulher não tem espaço ou oportunidade para isso”, afirma, ressaltando ainda a complexidade burocrática que envolve qualquer tentativa de abrir um negócio próprio no país asiático.


Apesar dos desafios, Andreia deixa uma mensagem de coragem para outras brasileiras que sonham em empreender no Japão. “Não desistam daquilo que Deus colocou no seu coração. Haverá dificuldades, obstáculos, medo, mas jamais desistam”, aconselha, com a fé que sempre a guiou.


Hoje, após uma trajetória repleta de batalhas e aprendizados, Andreia está em um momento de pausa e reflexão. “Estou descansando em Deus. Foram muitos desafios e lutas que me fizeram evoluir como pessoa e como profissional”, revela. Seus próximos passos como empreendedora incluem orações e pedidos de sabedoria para o futuro. Seu maior sonho? “Poder ajudar outras mulheres a correr atrás dos seus sonhos. Tudo é possível, basta acreditar, persistir e ter muita fé em Deus”, conclui.

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